segunda-feira, 23 de julho de 2012

A Manifesta Presença de Deus - Mike Bickle Parte 4

Expondo Perigos Relacionados a Manifestações

Existe a possibilidade de surgir divisões e julgamentos no corpo em função das manifestações – e precisamos fugir da mentalidade de “nós temos” e “vocês não têm”, a todo custo. Isso realmente entristece o Espírito de Deus (veja Rm 14 e 1 Co 12-14). O amor a Deus e ao próximo deve permanecer como o valor mais importante de nossa comunidade.

Fanatismo – em seu entusiasmo, as pessoas podem se exceder em seu comportamento e ser enredado pelo engano de idéias estranhas e antibíblicas. Este problema deve ser confrontado à medida que aparecer. Devemos tratar com estas situações com compaixão, tanto em particular como publicamente. Este procedimento é muito delicado, pois o verdadeiro fogo do Espírito virá sempre acompanhado por alguma medida de “fogo estranho”, introduzido pelos elementos carnais que ainda residem em crentes imperfeitos.
Negligência dos aspectos menos empolgantes e menos chamativos de nossa fé – tais como devoções diárias, oração em secreto, servir em humildade, ajuda aos pobres, demonstrações de misericórdia, amor aos inimigos, paciência no sofrimento, demonstrações de honra aos pais e às outras autoridades, restrição de apetites, treinamento de filhos, trabalhar com fidelidade, cumprir com obrigações cotidianas, dizimar, pagar contas e impostos, resolver conflitos interpessoais e manter amizades fielmente.
Deixar de lado toda disciplina e restrição em nome da “liberdade do Espírito”. Esta tensão entre liberdade e restrição precisa ser abraçada por toda a igreja. Nem sempre concordaremos com o modo como isso é administrado pelos membros do corpo. Esteja preparado para “engolir algumas moscas” a fim de não “engolir camelos”.
Deixar de colocar o foco em Deus e em outros propósitos atuais (assim como paixão por Jesus, grupos pequenos, comunidade, intercessão, evangelismo) por causa do tempo desproporcional, do fascínio e da atenção que se dedicam às manifestações em si.
Caindo no laço do orgulho da graça – não há uma espécie de orgulho mais horrenda do que a vanglória arrogante ou a sutil justiça própria das pessoas que foram abençoadas pelo Espírito. Estas graças da manifestação de Deus são concedidas para exaltar a bondade e a misericórdia de Deus e nos conduzir à gratidão e humildade. Se não nos humilharmos a nós mesmos, Deus, em seu amor, irá permitir, em algum momento, que sejamos humilhados por outros instrumentos.
Espalhando rumores e desinformações – embora seja inevitável que isso aconteça em alguma medida, com boa comunicação e algumas atitudes pode ser bem atenuado. Não tome nenhum prazer em más notícias – e faça tudo que puder para desfazê-las!
Exaltação de manifestações externas acima da obra interior e oculta do Espírito no coração das pessoas – a transformação progressiva e interior para a imagem de Jesus é o supremo alvo da obra do Espírito.
Exaltação dos frágeis instrumentos humanos que Deus está usando de maneira especial como catalisadores da obra do Espírito – devemos evitar qualquer tipo de “veneração de heróis” em nossos corações. Contudo, o fato do exército de Deus ser composto de soldados “sem rosto” não significa que não haja líderes visíveis ou membros proeminentes com ministérios públicos no corpo. Significa que todos os membros e líderes devem abraçar uma atitude de humildade, submissão e deferência a outros em seus corações.



Posicionando-nos Para Receber o Ministério do Espírito

Por isso lhes digo: Peçam, e lhes será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta lhes será aberta. Pois todo o que pede, recebe; o que busca, encontra; e àquele que bate, a porta será aberta. Qual pai, entre vocês, se o filho lhe pedir ume peixe, em lugar disso lhe dará uma cobra? Ou se pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai que está nos céus dará o Espírito Santo a quem o pedir! (Lc 11.9-13).

Nesta passagem Jesus está, ao mesmo tempo, fazendo um convite e lançando um desafio a seus discípulos para orarem de maneira específica por algo específico. Os verbos traduzidos por “pedir”, “buscar” e “bater” estão no gerúndio nos manuscritos originais. Isso dá à frase a conotação de que as bênçãos desejadas devem ser perseguidas com ações repetidas e perseverança.
Deus quer que realmente desejemos aquilo que pedimos e que não sejamos passivos ou indiferentes a respeito. Qualquer resposta negativa que recebermos temporariamente servirá apenas para aumentar a fome por aquilo que nos foi negado.
Ele também revela que todas as petições pelas coisas boas do seu reino podem ser resumidas por um único pedido: a liberação do ministério do Espírito Santo. Deus é um Pai rico e generoso que realmente quer nos dar o ministério do Espírito Santo, mas Ele também quer que desejemos ardentemente que o Espírito Santo venha sobre nós com seus dons, fruto e sabedoria.

Respondeu Jesus: “Tenham fé em Deus. Eu lhes asseguro que se alguém disser a este monte: ‘Levante-se e atire-se no mar’, e não duvidar em seu coração, mas crer que acontecerá o que diz, assim lhe será feito. Portanto, eu lhes digo: Tudo o que vocês pedirem em oração, creiam que já o receberam, e assim lhes sucederá” (Mc 11.22-24).

Esta passagem nos instrui a orar em espírito de fé e expectativa. Quando entendemos esta promessa no contexto mais amplo do ensinamento bíblico acerca da oração, compreendemos que a abrangência de uma determinada coisa que pedimos em oração é qualificada, também, por ser ou não da vontade de Deus para nós.
Entretanto, quando se trata de pedir em oração o ministério do Espírito Santo, sabemos, pela passagem anterior, que a vontade clara de Deus é nos dar, como crentes em Jesus, a pessoa e o ministério do Espírito Santo. Então, devemos pedir ousada e confiantemente por sua presença e seus propósitos, sabendo que, no tempo certo, a resposta virá – se não nos desfalecermos nem duvidarmos.

No último e mais importante dia da festa, Jesus levantou-se e disse em alta voz: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva”. Ele estava se referindo ao Espírito, que mais tarde receberiam os que nele cressem. Até então o Espírito ainda não tinha sido dado, pois Jesus ainda não fora glorificado (Jo 7.37-39).

Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem, mas deixem-se encher pelo Espírito (Ef 5.18).

Estas duas passagens nos dão maiores instruções acerca de como nos posicionarmos para receber o ministério do Espírito Santo. Jesus falou novamente de nossa necessidade de desejar ardentemente – de ter sede. Elas também comparam o ato de receber o Espírito a beber dele. Quando juntamos as instruções contidas nestas passagens e aplicamo-las a receber o ministério do Espírito, especialmente quando pensamos em cultos de avivamento, encorajamos as pessoas das seguintes maneiras.
Venha com desejo e propósito de receber mais das Pessoas da Trindade – o Pai, o Filho e o Espírito Santo – e não para receber manifestações exteriores. Se as manifestações começarem a ocorrer com você ou com outros:

Não tenha medo;
Receba-as de coração aberto e não as apague;
Veja-as como sinais de que o Senhor está verdadeiramente presente;
Creia que você está recebendo aquilo pelo que pediu, ainda que não haja manifestações exteriores; e
Continue em atitude de amor, adoração e gratidão enquanto espera no Senhor para trazer renovação à sua vida.

Algumas pessoas parecem ser mais suscetíveis à ocorrência de manifestações exteriores. Outras pessoas parecem ser menos suscetíveis. Ainda outras pessoas parecem ter vários tipos de barreiras que prejudicam o fluir do Espírito em e através de suas vidas. Leve estas possíveis barreiras perante o Senhor em oração e tenha a confiança de que Ele as revelará se houver alguma. Essa é uma oração muito fácil para Deus responder! Assim que tiver feito isso, não se torne muito introspectivo em relação ao assunto – pode ser que você não experimente muito este tipo de manifestação ou fenômeno exterior.
Isso não significa que você não recebeu nada do Espírito Santo. Muitas pessoas têm testemunhado a liberação de fruto e poder do Espírito em suas vidas depois de ficarem “embebidas” como esponjas na presença de Deus, em reuniões de avivamento, sem possuírem qualquer consciência exterior de terem sido cheios do Espírito.
Há uma experiência química denominada titulação. Neste experimento, há duas soluções distintas em dois tubos de ensaio separados. Gota a gota, uma solução é misturada à outra. Nenhuma reação química ocorre até que uma solução se torna supersaturada com a outra. A gota final que causa esta supersaturação causa uma reação química dramática que é visível e impressionante.
Algumas pessoas que conhecemos esperaram por muitas horas em reuniões de avivamento, sem que, aparentemente, qualquer reação espiritual tivesse acontecido. Depois, de repente, elas tiveram um poderoso encontro com o Espírito que as impactou radicalmente. Em retrospecto, passaram a crer que uma “titulação” espiritual estava acontecendo durante todas aquelas horas de esperar em Deus, e através do processo de embeber-se do ministério invisível e oculto do Espírito Santo. Seja qual for o caso, não é nos efeitos exteriores da renovação espiritual que devemos concentrar nossa atenção, mas na transformação interior de nossas almas à semelhança de Jesus.


Recomendações para Conduzir Cultos de Avivamento

 O Dr. Martin Lloyd-Jones afirmou a respeito do perigo de presumir-se acerca da misteriosa obra do Espírito Santo: “Nunca diga ‘nunca’ e nunca diga ‘sempre’ sobre o que o Espírito Santo talvez faça ou não faça”. O Senhor, de propósito, não se amolda aos padrões em que tentamos confiná-lo!

Planeje um tempo prolongado e exclusivo para esperar no Senhor, sem nenhuma outra programação especial no caso de Ele não “se manifestar” de maneira visível. Determine que será, possivelmente, um tempo vazio e sem graça, se Ele não comparecer. Olhando pelo lado positivo, este tempo pode ser visto como uma disciplina devocional para a igreja como todo. Algumas reuniões deste tipo podem beneficiar a vida da igreja, despertando nas pessoas fome e sede espirituais até então sufocadas. Se continuar fazendo reuniões assim, você pode até ficar desesperado por Deus.
Concentre sua atenção no próprio Deus por meio da adoração e/ou leitura devocional das Escrituras.
Só ofereça explicações periódicas acerca de manifestações. É melhor explicá-las se e quando acontecerem, para evitar a acusação de que está usando o poder da sugestão. Se tiver literaturas disponíveis a respeito deste assunto, poderá ajudar muito.
Dê palavras simples, centradas em Cristo, para meditação ou exortação. Faça apelos de salvação regularmente, pois geralmente há muitos não crentes participando das reuniões de avivamento, no mínimo por curiosidade, senão por alguma outra razão.
Se der espaço para testemunhos, o que pode ser muito útil como inspiração e encorajamento, estes devem focalizar no benefício que receberam no seu relacionamento com Deus e no fruto do Espírito em suas vidas, e não nos fenômenos que podem acompanhar as visitações de Deus.
Evite dar a impressão de que o Espírito Santo está sob o controle humano através de um determinado estilo ministerial. Pedimos humildemente que Ele ministre a nós. Pedimos ousadamente pela liberação de seu poder. Porém, não devemos desonrá-lo por orgulhosamente determinar ou exigir que Ele faça isto ou aquilo.  Ele se oferece a nós, mas não devemos tirar proveito de sua humildade divina, dando-lhe ordens. Se continuarmos abusando de sua presença e poder, Ele pode retirar sua presença manifesta. A história das visitações divinas confirma esta realidade.
Se você chamar atenção para o que está acontecendo com um indivíduo ou uma parte da congregação, faça isso com o propósito específico de edificar todo o grupo. Ser sincero e mais analítico nas suas comunicações como líder e facilitador é muito melhor do que se demonstrar abobalhado e fascinado com as manifestações. Ainda que o Espírito derrame risos incontroláveis em uma pessoa ou em um determinado grupo, é um acontecimento especial e santo. Devemos ter muita seriedade quanto ao gozo do Senhor, mesmo enquanto desfrutamos dele e sentimos o seu fluir. Afinal, é gozo celestial, e tudo que é celestial é assombroso por natureza.
Não tenha medo de silêncios prolongados. O Senhor, muitas vezes, não se submeterá ao nosso estilo estressado de vida, nem aos nossos caminhos impacientes. Ele quer tomar as iniciativas e assumir a liderança. Devemos esperar que Ele se mova sobre nós e aprender, depois, a seguir seus movimentos.
Dê espaço, com freqüência, para que o Senhor toque as pessoas sem intermediação humana direta. Quando isso acontece, a fé é edificada e o medo de manipulações desvanece. Permita que as pessoas reunidas se embebam na presença do Senhor por um tempo, antes de liberar os ministros para ir e impor as mãos sobre elas.
Dê espaço para que as pessoas não sintam pressão de receber a imposição de mãos. Peça que dêem um sinal ou que respondam se querem receber oração pessoal ou se simplesmente querem ter comunhão com Deus sozinhas.
Seja sensível quanto ao uso de música e cânticos durante a ministração sobre as pessoas. Às vezes, o silêncio total é melhor. Em outras ocasiões, uma música de fundo é melhor. Se a música for dominante durante a ministração pessoal, pode ser um fator negativo de distração.
Lute contra a pressão de tentar fazer as coisas acontecerem. Tente ser sobrenaturalmente natural e naturalmente sobrenatural. O avivamento é responsabilidade de Deus e precisamos confiar que Ele o fará acontecer.
Receba a medida de poder que Deus libera e expresse gratidão por isso. Se formos gratos, pode ser que Ele nos mostre coisas ainda maiores.
Se o avivamento não estiver ocorrendo em seu ambiente, considere a possibilidade de convidar alguém que Deus já tenha usado, como catalisador de renovação espiritual, para ministrar em sua igreja e ajudar a compartilhar o ministério do Espírito em uma medida maior.

Recomendamos o livreto de Sam Storms, intitulado Manipulação ou Ministério para maiores esclarecimentos sobre como conduzir este tipo de ministração.


Formando uma Equipe Ministerial de Oração

Para facilitar o ministério de renovação, é importante equipar um grupo de ministros de oração, que serão designados pela liderança para ajudar a orar pelas pessoas. Os requisitos para fazer parte deste grupo não devem ser elevados, mas, infelizmente, é necessário separar aqueles que vão realmente orar dos outros que vão explorar!
Precisamos, portanto, estabelecer um modelo de ministração coletiva e individual no Espírito que possa ser transmitido a outros com o passar do tempo. O modelo precisa ser simples o suficiente para ser facilmente aplicado e transferido.
O maior desafio acontece quando se tem de excluir algumas pessoas do ministério de orar por outros, por diversas razões. Precisamos ser claros quanto àquilo que qualifica e o que desqualifica alguém neste tipo de ministério de oração, e reunir a coragem de falar sobre isto em nossos ensinamentos e ao lidar pessoalmente com indivíduos. Isso se torna um assunto mais sério, à medida que o tempo passa, e aqueles que receberam “mais” têm o desejo de dividir o que receberam.
Precisamos estar dispostos a lidar com situações específicas que surgem em que algumas pessoas se sentem desconfortáveis quando alguém ora por elas com imposição de mãos. Há muito temor de que coisas negativas possam ser transmitidas quando se recebe ministração de pessoas que têm consideráveis problemas pessoais e espirituais.
As pessoas devem passar por um curso informativo de orientação e treinamento, mas muitas pessoas podem “formar-se” neste curso e, mesmo assim, não saírem qualificadas para fazer parte da equipe ministerial. É preciso fazer uma análise mais minuciosa.
Uma vez formada a equipe, devemos então trabalhar com ela e, somente com raras exceções, se necessário, sair fora do esquema previamente estabelecido.
A seguir algumas características que cremos ser necessárias como qualificações para um candidato ao ministério de oração:

Ser membro ativo e ajustado da igreja;
Apresentar bom testemunho e ter sede de crescer espiritualmente;
Não ter nenhuma necessidade conhecida de libertação de demônios;
Não apresentar notáveis comportamentos sociais inaceitáveis, na aparência, no falar ou nos hábitos;
Possuir a recomendação de um pastor da igreja, com a aprovação do restante do ministério pastoral;
Ter passado por treinamento no ministério de oração pessoal;
Ter um espírito tratável, sujeito a receber correção em sua atuação na equipe sem se sentir ferido ou abandonar o trabalho.

Ao ponderarmos sobre as coisas que parecem mais importantes para nós no tocante a ministração pessoal, entendemos que os valores básicos tendem a se encaixar nas mesmas categorias gerais do fruto do Espírito, que Paulo menciona em Gálatas 5.22-23. Vamos analisar cada fruto do Espírito e considerar como cada um deles pode ser aplicado ao ministério de oração.

Amor. O amor pode ser visto como a característica que engloba os demais, da qual todos os outros aspectos do fruto do Espírito fluem. Na verdade, o fruto do Espírito é nada menos que o caráter de Jesus Cristo, manifestado em e através dos crentes. Quando oramos pelos outros, precisamos considerar a nós mesmos como servos e não como heróis. O espírito de serviço é a característica mais marcante do amor genuíno. Quando oramos pelos outros, devemos estar cientes de que o momento é muito mais deles do que nosso. Um espírito de amor nos auxiliará a manter esta visão.
Alegria. “A alegria do Senhor é a nossa força.” “Sirva o Senhor com alegria.” Precisamos orar pelos outros com prazer, com a alegre consciência do privilégio que nos foi dado. Mesmo que não esteja emocionalmente empolgado, você precisa fazer uso do depósito de alegria que está no seu interior. Você pode fazer isso, meditando e concentrando no fato de que você é cristão, um templo do Espírito Santo, perdoado de seus pecados, destinado para o céu, útil para Deus, o recipiente de muitas bênçãos, etc. Em outras palavras, tente visualizar quem você é em Cristo, e quem é o próprio Cristo. Aí, estaremos aptos a colocar temporariamente as pressões pessoais atrás de nós e focar nas necessidades daquele que está diante de nós. Procure deixar o gozo do Senhor brilhar através de seus olhos e no seu semblante. Se você ainda não consegue achar esta alegria na sua fonte interior, confesse sua fraqueza ao Senhor e peça que Ele graciosamente supra esta lacuna naquele momento e ore mais sobre isso depois.
Paz. A autoridade para ministrar a bênção da paz a outros no nome de Jesus nos foi concedida. Devemos conduzir outros à experiência de estar em paz com Deus, consigo próprios e com os outros. Devemos abordá-los com um espírito pacífico – um coração que descansa na capacidade de Deus de trabalhar através de nós, apesar da nossa fragilidade.
Paciência. Às vezes, precisamos “diminuir o ritmo” e tomar mais tempo para ministrar individualmente em oração. O Espírito Santo não gosta de ser pressionado – Ele é quem quer tomar a liderança. Geralmente, Ele demora um pouco para manifestar seu poder. Na quietude da alma, conseguimos receber melhor as impressões do Espírito sobre nossos espíritos, mentes, emoções e físicos. Oração calma e persistente, muitas vezes, é necessária para embeber o espírito da pessoa e remover fortalezas resistentes do maligno.
Amabilidade. Freqüentemente, oramos por pessoas cujas vidas foram arruinadas pelo pecado. Muitas destas pessoas não aprenderam comportamentos sociais aceitáveis e possuem qualidades desagradáveis no seu caráter. Muitas abraçaram doutrinas erradas e podem estar sob opressão de demônios. Precisamos estar dispostos a suportar com graça sua imaturidade e lidar bondosamente com suas idéias erradas. Precisamos vencer o mal com o bem e ser amáveis àqueles que são rudes conosco. Isso traz honra ao Senhor e oferece às pessoas uma melhor chance de receber auxílio dele.
Bondade. Precisamos zelar genuinamente pelas necessidades alheias e, portanto, devemos estar dispostos a demonstrar este cuidado pelas pessoas de maneira prática, depois de lhes ministrarmos em oração. Podemos não ter os recursos em nós mesmos, mas talvez conheçamos outros que tenham, para onde podemos encaminhá-los. Precisamos quebrar os ciclos de injustiça na vida das pessoas ao invés de perpetuá-los, principalmente por estar ministrando no nome do Senhor. Além disso, jamais devemos trair a confiança sagrada depositada em nós por pessoas que se tornam vulneráveis ao permitirem que oremos por elas. Na história do cristianismo, muitas influências negativas, sob a fachada de “ministério”, já foram transferidas às vidas de pessoas vulneráveis. Tenhamos o máximo cuidado para não aumentarmos ainda mais esta lista.
Fidelidade. Devemos nos engajar na ministração pessoal através da oração, sabendo que isso demandará perseverança de nossa parte. Em muitas ocasiões, teremos que orar mais de uma vez pela mesma pessoa, pelas mesmas necessidades. Não devemos nos intimidar por aparentes fracassos. Precisamos nos lembrar de que, se formos fieis no pouco, Deus nos dará mais recursos para usar. A unção do Espírito Santo aumenta em nós, à medida que colocamos em prática aquilo que já temos. Comprometa-se em orar por centenas de pessoas pelo resto de sua vida e verá o que Deus irá fazer.
Mansidão. Precisamos ter sempre a consciência, ao orarmos pelas pessoas, que não temos as respostas para elas, mas que conhecemos alguém que tem. Isso nos protege da presunção e também de fórmulas vazias. Nossas ações, tanto físicas como verbais, precisam comunicar mansidão, e não aspereza ou impaciência. Se pudermos fazer as pessoas se sentirem à vontade, por saberem que estão seguras conosco, elas terão mais facilidade para receber do Senhor.
Domínio Próprio. Recomendamos que as pessoas “abaixem a tensão”, tanto emocional como fisicamente, quando forem orar pelos outros. Se você estiver sentindo uma forte manifestação exterior ou visível ou se estiver envolvido numa experiência incontrolável do Espírito Santo, procure permanecer numa atitude receptiva e espere até se acalmar para entrar numa atitude de ministrar a outros. Precisamos reconhecer o perigo de inconscientemente manipularmos os outros, colocando sobre eles uma pressão errada de responder às nossas manifestações, quando violamos este princípio. No entanto, há exceções a esta regra geral. Uma delas é se uma pessoa lhe pedir especificamente para orar com ela, quando você está neste estado extasiado. Outra, possivelmente, é se a outra pessoa é um amigo e você sabe que ela realmente gostaria de ter tal experiência. Pode haver ainda outras exceções.

Se orarmos pelas pessoas com estes valores profundamente estabelecidos em nosso coração, será mais difícil de errarmos. Embora a ministração pessoal não seja uma ciência exata, não há lei contra orar pelos outros se estas coisas estiverem em nós (Gl 5.23). Estes princípios devem ser considerados os primeiros passos para entrar num estilo de vida de orar pelos outros. Por este caminho, minimizamos, ainda que não seja possível erradicar, os riscos associados a orar pelas pessoas com graça e poder.
À medida que determinadas pessoas desenvolverem um histórico de especial unção nesta ministração pessoal, seus líderes podem dar-lhes mais liberdade de assumir riscos maiores com o ministério profético ou de oração.


Reações Apropriadas à Renovação Espiritual

Então, como podemos caminhar corajosamente para frente, procurando ser bons despenseiros, tanto da multiforme graça de Deus como das fraquezas humanas, estranhamente misturadas dentro do contexto de avivamento? Finalizaremos com sete sugestões de como honrar o Senhor em meio à renovação e avivamento espiritual.

Assuma a postura de “aprendiz” e não de “expert” no ministério do Espírito Santo. Na verdade, há poucos em nossa geração que foram à nossa frente em algumas destas áreas. Devemos manter a posição de pequenas crianças diante do nosso Pai Celestial, o Senhor Jesus e o Espírito Santo. Devemos ter mais confiança neles e na sua capacidade de ensinar e guiar do que na nossa habilidade de aprender e seguir. Felizmente, o seu compromisso conosco é mais forte do que o nosso com eles. E esta, realmente, é a fonte de nossa força.
Seja paciente, bondoso e tolerante com as diferenças de perspectiva dentro da comunidade dos salvos e nas várias correntes do corpo de Cristo. Se Deus é a verdadeira fonte de um mover do Espírito Santo, Ele será bem capaz de agir independentemente de nossos julgamentos e críticas para defender sua honra, e levantará, por sua conta, testemunhas confiáveis e advogados de defesa. Não temos de provar a ninguém que algo é de Deus, se realmente for!
Dê espaço e crie suficientes oportunidades para que o Espírito possa se manifestar nos contextos criados especificamente para promover renovação e a ação soberana de Deus entre seu povo. Evidentemente, Deus pode irromper em qualquer contexto com sua manifesta presença, sem qualquer ajuda ou planejamento humana. Entretanto, se apenas alguns indivíduos isolados estão sendo afetados, a liderança precisa avaliar se o curso de uma determinada reunião coletiva precisa ser alterado.
Demonstre e ensine as devidas restrições que cada um deve impor sobre si mesmo, procurando estar sensível a cada situação e contexto específico. Como o amor se manifestaria ou o que pediria nesta determinada situação? Procure se submeter àqueles que estão em autoridade, em nome da paz e da unidade. Erros de discernimento certamente ocorrerão no contexto de um avivamento, quando há mais elevado temor, tanto de “apagar o Espírito” como de “cair no engano”. Encoraje as pessoas a falar com seus líderes em particular, se discordarem de alguma direção que deram ou estão dando à igreja.
Busque nas Escrituras novas revelações acerca dos caminhos de Deus com seu povo.
Estude a história dos avivamentos. Sabedoria e erros são mais facilmente detectados com o benefício da retrospectiva.
Encoraje as pessoas a se regozijarem, se foram pessoalmente visitados de forma exterior pelo Espírito Santo ou se não foram, pelo fato de Deus estar visitando a igreja em geral. Não sejamos tão individualistas na nossa maneira de pensar. Tenhamos todos a confiança de que o Senhor nos dará a porção que nos cabe em qualquer visitação, e alegremo-nos pelo que Ele está fazendo com os outros. Esta atitude nos coloca na melhor posição possível para receber aquilo que Deus realmente tem para nós como indivíduos.


Notas do Apêndice I

Francis MacNutt, Overcome by the Spirit, 35.
Jonathan Edwards, The Works of Edwards, “A Narrative of Surprising Conversions and the Great Awakening,” 37-38.
Ibid.,45.
Ibid., 547.
Ibid., 550.
John White, When the Spirit Comes with Power, 70.

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